quinta-feira, 24 de maio de 2012

Selados com o Espírito Santo



Reinaldo B. Reis

Uma das mais fantásticas prerrogativas da vida cristã é essa virtude que a palavra divina nos promete na segunda carta de Pedro (II Pd 1, 3-4): “O poder divino deu-nos tudo o que contribui para a vida e a piedade, fazendo-nos conhecer aquele que nos chamou por sua glória e sua virtude. Por elas, temos entrado na posse das maiores e mais preciosas promessas a fim de tornar-nos por este meio participantes da natureza divina...”

Como, efetivamente, participamos dessa natureza divina? Como se dá essa incrível possibilidade? São João nos explica: “Nisto é que conhecemos que estamos nele, e ele em nós: por ele nos ter dado o seu espírito” (I Jo 4, 13). E bem o sabemos que “o amor de Deus já foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (cf. Rm 5,5)... O Espírito Santo se apresenta, pois, como aquele que torna possível participarmos – de um modo que decididamente só podemos entrar com a  nossa fé – , da natureza divina.

Ao dar-se a nós, obviamente o Espírito Santo não se torna humano, e continua sendo ele mesmo. Também nós, que o recebemos, permanecemos a mesma pessoa, embora participando, à maneira de filhos, da natureza divina. Pois “o Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus” (Rm 8,16)...

Ao recebermos o dom do Espírito – o que fez de nós novas criaturas e nos introduz na vida divina –, não ocorre uma mistura de espíritos (uma vez que o Espírito, que se entrega a nós em sua soberana e espontânea liberdade, sempre permanecerá uma pessoa distinta de nós), mas uma relação de pessoas, onde nossa humanidade é elevada à dignidade da consagração e confirmação em Cristo, e Ele nada perde de sua  divindade. “Ora, quem nos confirma a nós e a vós em Cristo, e nos consagrou, é Deus. Ele nos marcou com o seu selo e deu aos nosso corações o penhor do Espírito” (II Cor 1,22).

Esse texto sugere que o Espírito atua sobre nós da mesma maneira como age o carimbo sobre a cera: deixando impressa nela suas características e seu formato, permanecendo, entretanto – carimbo e cera –, distintos e diferentes um do outro. Ou seja, embora imprima em nós um caráter de criaturas participantes da natureza divina – e nos torne semelhantes a Si, mesmo – o Espírito Santo e nós permanecemos distintos um do outro...

“Em Jesus Cristo, também nós, depois de termos ouvido a palavra da verdade, o Evangelho da nossa salvação no qual temos crido, fomos selados com o Espírito Santo que fora prometido, que é o penhor da nossa herança, enquanto esperamos a completa redenção daqueles que Deus adquiriu para o louvor de sua glória” (cf Ef 1, 13).

“Não contristemos, pois, o Espírito Santo de Deus, com o qual estamos selados para o dia da redenção...” (cf. Ef 4,30). Amém!...

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