sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O segredo dos santos



O oposto da santidade não é o pecado; é o fracasso. Amargaremos uma triste derrota se ao término de nossa brevíssima existência terrena não alcançarmos a santificação de nossas almas. A vontade de Deus para cada filho de Adão é claríssima: “Como filhos obedientes, não consintais em modelar vossa vida de acordo com as paixões de outrora, do tempo de vossa ignorância. Antes, como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos também vós santos em todo o vosso comportamento, porque está escrito: “Sede santos, porque eu sou santo” (1Pd 1, 14-16).

Trocando em miúdos, a santidade precisa ser programada. Sabemos por experiência: “A carne tem aspirações contrárias ao Espírito” (Gl 5, 17). É mais fácil passar 5 horas diante da televisão do que 5 minutos prostrados em oração. A vida dos santos é prova cabal de que ninguém consegue santificar a própria vida sem o ônus de uma disciplina férrea e de um esforço sistemático para não sucumbir frente às tentações. Daí a regra de ouro de São Bento: “Ora et labora” (Ore e trabalhe).

Disciplina e esforço para quê? Para em todas as coisas obedecer a voz de Jesus. Obedecer vem de uma raíz latina: “Ob-audire”, ou seja, dar ouvidos. O Catecismo da Igreja Católica afirma que, depois do pecado original, “Todo pecado, daí em diante, será uma desobediência a Deus e uma falta de confiança em sua bondade” (CIC - 397). Deciframos aqui o segredo de todos os santos: Dobrar-se continuamente à vontade de Deus, “que quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2, 4).

Uma coisa é escutar a Palavra de Deus; outra, embora custoso, é dar ouvidos, obedecer o que o Espírito Santo fala. O grandes mestres do discernimento espiritual revelam que o Diabo trabalha sistematicamente para que suspeitemos de Deus e de suas promessas. É bem conhecida a sugestão da serpente infernal: “Não troque o certo pelo duvidoso”. Seduzidos por esta falsa promessa, de desobediência em desobediência à voz de Deus, podemos acabar no fogo do inferno, onde, sem dúvida, não há mais redenção.

Jesus, “obediente até a morte, à morte de cruz” (Fl 2, 8) - Aquele que, na tentação do deserto, permaneceu firme onde Adão sucumbiu -, prova que embrenhar-se pela caminho estreito da santidade de vida tem um alto preço, seguido de uma recompensa eterna: “Pois aquele que quiser salvar sua vida, a perderá; mas, o que perder sua vida por causa de mim e do Evangelho, a salvará” (Mc 8, 35).

O Espírito Santo nos é dado não porque somos santos, mas para nos fazer santos. Temos uma única e irrepetível oportunidade para santificar nossa vida. Jesus exorta a cada um de nós: “Felizes os que lavam suas vestes para terem poder sobre a árvore da Vida e para entrarem na Cidade pelas portas. Ficarão de fora os cães, os mágicos, os impudicos, os homicidas, os idólatras e todos os que amam ou praticam a mentira” (Ap 22, 14). 

Obedecer esta Palavra, enquanto vive neste Vale de Lágrimas, é o maior desafio para um Filho de Adão. Não troquemos o certo pelo duvidoso. A cada novo dia, como fez Maria Santíssima, renovemos nosso SIM, certos de que Deus não é homem para mentir: “Que o injusto cometa ainda a injustiça e o sujo continue e sujar-se; que o justo pratique ainda a justiça e que o santo continue a santificar-se” (Ap 22, 11).