segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O Evangelho dos pagãos




Celso Deretti


Uma revolução silenciosa está em andamento na Igreja, disse recentemente o Papa Bento XVI. O sumo pontífice falava, sem dúvida, do imenso exército de missionários que o Espírito Santo está suscitando nos quatro cantos do mundo.
A missão deste exército: anunciar Jesus como o médico e o remédio para todos os males que há no mundo. “A Boa Nova de Cristo restaura constantemente a vida e a cultura do homem decaído, combate o remove os erros e os males decorrentes da sempre ameaçadora sedução do pecado” (Catecismo da Igreja Católica, 2527).
É uma revolução silenciosa porque “Não será com a força nem com o poder e sim com o meu Espírito, diz o Senhor dos exércitos” (Zc 4, 6). Nas palavras de João Paulo II, “Sempre, quando intervém, o Espírito nos deixa maravilhados. Suscita eventos cuja novidade causa admiração; muda radicalmente as pessoas e a história”.
A missão da Igreja não é anunciar Jesus como um bom moço que passou pela história ou como o maior líder que já existiu; Anuncia-o como o Senhor e o detentor do desfecho da história humana. Igualmente, a Igreja não é uma organização não governamental que almeja tornar o mundo melhor ou o cabo eleitoral de um partido político (seria atirar as pérolas aos porcos).
O mês das missões, outubro, é para nos lembrar que “Enviada por Deus para ser o sacramento universal da salvação, a Igreja, em virtude das exigências íntimas de sua própria catolicidade e obedecendo à ordem de seu fundador, esforça-se para anunciar o Evangelho a todos os homens” (Ad Gentes, 1). É esta a silenciosa revolução que transformará o mundo.
No discurso de encerramento de sua recente viagem apostólica ao Reino Unido, Bento XVI afirmou que “Durante minha visita, percebi com clareza a sede profunda que o povo britânico tem da Boa Notícia de Jesus Cristo”. Por isso, destacou a importância de “apresentar em sua plenitude a mensagem do Evangelho que dá vida”, inclusive aqueles elementos que contradizem o juízo das opiniões correntes da cultura atual (Zenit.org).
Profundo conhecedor da vida dos santos, Bento XVI gostaria que, neste mês das missões, todos nós comungássemos do pensamento de Sto Irineu: “A Bíblia é o Evangelho do cristão, e o cristão é o Evangelho dos pagãos”. A sede de Deus é imensa nesta nossa neopaganizada aldeia global. Que fiz, que faço e que farei por ti, Senhor? Um grande começo é clamar todos os dias: "Enviai, Senhor, o vosso Espírito e tudo será criado, e renovareis a face da terra".

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A resposta para todas as nossas perguntas




Celso Deretti


Entre numa livraria e você encontrará uma infinidade de livros que falam de Deus. Há autores que colocam Deus no banco dos réus (o ateísmo prático). Há os que tentam criar um deus à própria imagem e semelhança (Deus é uma energia cósmica). Não faltam os que apresentam Deus como um enigma indecifrável (decifra-me ou te devoro!).

A meta é sempre a mesma: solucionar o mistério do sofrimento e oferecer um código de leis, um mapa mental, uma chave capaz de nos tornar verdadeiramente livres do sofrimento, da tristeza e da amarga lembrança da morte.

O livre pensador Deepak Chopra (o mais famoso guru dos astros de Hollywood), por exemplo, escreveu um livro chamado "As sete leis espirituais do sucesso". Sucesso, aqui, significa fama, fortuna e prazer sem limites (coisa que até os feiticeiros prometem!). Um sucesso, portanto, ilusório e efêmero. Sempre uma tentativa de se livrar das amargas conseqüências do pecado, sem romper com o pecado (uma equação impossível).

Afinal de contas, existe uma resposta definitiva, capaz satisfazer os mais profundos anseios do nosso coração? Como entender o mistério da iniqüidade, as injustiças, o sofrimento, a doença e a morte? O apóstolo Pedro conseguiu solucionar este enigma: "Com efeito, toda a carne é como a erva e toda a sua glória como a flor da erva. Secou a erva e sua flor caiu; mas a Palavra do Senhor permanece para sempre" (1Pd 1, 24). Quem de nós nunca cantou: "A Palavra de Deus é a Verdade, sua Lei liberdade!"

Aqui está, portanto, a única e definitiva resposta capaz de satisfazer os mais profundos anseios do coração do homem: a Palavra de Deus. Vida nova, vida em abundância, paraíso de bênçãos, paz e alegria, famílias restauradas, prosperidade completa, Salvação, Vida Eterna, liberdade plena só é possível conquistar pelo poder da Palavra de Deus: "Fostes regenerados, não de uma semente corruptível, mas incorruptível, mediante a Palavra viva de Deus, a qual permanece para sempre" (1Pd 1, 23).

São Paulo, o grande teólogo da graça, nos ensina: "Portanto, não existe mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. A Lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te libertou da lei do pecado e da morte" (Rm 8, 1). Não esqueçamos que "ignorar as Escrituras é ignorar o próprio Cristo" (São Jerônimo).

A Bíblia, portanto, não é simplesmente um livro que fala de Deus; é Deus falando pessoalmente para cada um de nós. É uma maravilhosa carta de amor de Deus que se revela totalmente através de seu Filho Jesus, a Palavra Eterna do Pai. É na Palavra de Deus que encontramos todas as respostas para todas as perguntas do nosso coração, não importa quão enigmáticas sejam. Obedecendo o que nos manda a Sagrada Escritura podemos viver como salvos, livres do sentimento de condenação que atormenta aqueles que não se submetem à Lei de Deus. "Em verdade, em verdade, vos digo: quem escuta a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não vem a julgamento, mas passou da morte para a vida" (Jo 5, 24).

A verdadeira liberdade, portanto, não é um lugar, uma música, uma posse, um cargo, um conceito, uma honra ou qualquer outra coisa que este mundo oferece; é Jesus: "Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (Jo 8 31). Somente o Espírito Santo, princípio de renovação interior, nos torna aptos a observar fielmente a Lei que procede dele próprio e revelada por Ele na Sagrada Escritura. Esta Lei, porém, de nada vale enquanto escrita apenas no papel. "Porei no vosso íntimo o meu espírito e farei com que andeis de acordo com os meus estatutos e guardeis as minhas normas e as pratiqueis" (Ez 36, 27).

Em todas as situações que tivermos que enfrentar neste brevíssimo tempo que passaremos aqui na Terra, façamos como aquela que guardou, praticou e andou de acordo com os estatutos e normas do Altíssimo: "Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo tua palavra!" (Lc 1, 38). Como Maria Santíssima foi glorificada no Céu, também nós o seremos se perseverarmos na observância da Palavra de Deus.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Cardeal lamenta perda da dimensão sobrenatural da virtude da obediência





RIO DE JANEIRO, quarta-feira, 1º de setembro de 2010 (ZENIT.org) – O cardeal Eugenio de Araújo Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro, afirma que, “em certos meios eclesiásticos, causa estranheza perceber restrições veladas às diretrizes do Santo Padre”.

Em artigo divulgado no dia 26 pela arquidiocese do Rio, Dom Eugenio lamenta a perda da dimensão sobrenatural da virtude da obediência, em espírito verdadeiramente evangélico. Segundo Dom Eugenio Sales, a virtude da obediência “é parte integrante na vida do cristão. Este, iluminado pela Fé, vê no Sucessor de Pedro e em seu próprio Bispo não apenas o homem, mas o próprio Cristo que eles representam”.


“Essa atitude tem sua tradução teológica na ideia de ‘communio’, comunhão que une todos os discípulos de Jesus, pela adesão à Igreja. Ela está sob o pastoreio do Colégio Apostólico, cuja cabeça é Pedro, dos Bispos com e sob o Papa, para usar a expressão conciliar.”

Segundo o cardeal, esta dimensão sobrenatural da obediência transcende a simples dimensão humana.

“Por isso, quando tomo conhecimento de comentários desairosos ou apreciações restritivas a quem serve o Papa, no cumprimento da missão que lhe foi confiada pelo Senhor, fico a pensar se ainda há espírito de Fé em tais pessoas”, afirma.

O arcebispo emérito do Rio assinala ainda o avanço do relativismo, “que se insinua sempre mais fortemente em meios eclesiásticos, entre sacerdotes e na vida religiosa”. “A obediência, há quem o afirme, deve primeiro passar pelo crivo da própria opinião, do discernimento pessoal. O critério não é mais a verdade objetiva, é o meu próprio eu.”

“Tal mentalidade errônea, fortalecida pela omissão dos que se recolhem para evitar atritos, provoca não apenas uma falta de submissão ao Magistério, mas uma resistência aos legítimos Pastores, para espanto dos leigos fiéis. Os exemplos estão aí, bem como seus frutos de rebeldia insana que escandaliza os bons, afasta os débeis e dificulta a difusão do Evangelho.”Dom Eugenio Sales considera que “é tempo de recuperarmos a virtude da obediência. É preciso voltar a ouvir, no íntimo da nossa consciência, a voz de Cristo: ‘Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos despreza, é a mim que despreza’ (Lc 10, 16)”.

Segundo o cardeal Sales, “a principal preocupação de todo o cristão há de ser a fidelidade, a lealdade à própria vocação, como discípulo que quer seguir o Senhor”.

O arcebispo emérito cita palavras de Bento XVI em sua recente viagem a Portugal: ‘Se o Batismo é um verdadeiro ingresso na santidade de Deus através da inserção em Cristo e da habitação do seu Espírito, seria um contrassenso contentar-se com uma vida medíocre, pautada por uma ética minimalista e uma religiosidade superficial’”.

Na internet: http://www.arquidiocese.org.br 

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Paquistão: político inunda aldeia cristã para salvar suas terras - Quinze pessoas morreram


ROMA, terça-feira, 31 de agosto de 2010 (ZENIT.org) - Um político paquistanês inundou uma aldeia cristã, provocando a morte de pelo menos 15 pessoas, para salvar suas próprias terras, segundo denuncia hoje a agência Fides, órgão informativo da Congregação para a Evangelização dos Povos.

A tragédia ocorreu em Punjab, nos arredores de Multan, onde os habitantes do povoado cristão de Khokharabad foram atingidos pela água desviada pelo político, perdendo suas casas, suas famílias e suas vidas.

Khokharabad é uma aldeia cristã da região de Muzaffargarh, cidade de 250 mil habitantes. A região foi duramente atingida pelas inundações que, segundo dados da ONU, deixaram centenas de pessoas sem casa.

Segundo informa Fides, nessa aldeia as inundações foram "guiadas" por Jamshed Dasti, político de Muzaffargarh e proprietário de terras próximas, que construiu represas e barreiras para desviar o percurso das águas rumo a Khokharabad e salvar suas terras.

"Nem sequer avisaram os habitantes de Khokharabad, que não tiveram tempo de salvar-se: toda a aldeia foi varrida pelas águas, pelo menos 15 pessoas morreram e 377 cristãos ficaram sem casa", denuncia Fides. Taj Masih, um dos responsáveis pela aldeia, declarou: É um ato inumano. Nossa aldeia foi inundada propositalmente. Para salvar sua terra, Dasti preferiu deixar 377 pessoas sem casa e sem colheitas, nossa única fonte de sobrevivência. Agora não temos nada".

Dasti rejeitou toda responsabilidade, afirmando que a decisão de levantar as barreiras foi tomada pelo Departamento de Agricultura do distrito. Os funcionários do departamento, por sua vez, dizem que agiram em obediência às ordens superiores. O governador do distrito nega tê-las dado. Dessa forma, ninguém assume a responsabilidade pelo ocorrido.