quinta-feira, 5 de julho de 2007

Pregai o Evangelho





Oitavo dia de missão. Acordei um pouco antes das 7 da manhã. No banheiro, à minha espera, um balde de plástico - mais ou menos 20 litros - com água quente para o meu banho. A água é esquentada no dia anterior. O balde é envolto com uma manta t’ermica que mantém a água quente até o dia seguinte. Com uma caneca, também de plástico, é possível tomar um excelente banho. Bem melhor do que muitos chuveiros no Brasil que não dão conta de esquentar a água.

O padre Evarist Ngawiliau, coordenador da Renovação Carismática Católica da diocese de Moshi, me acompanha no café da manhã. Conversamos em inglês. Ex-colônia inglesa, a grande maioria dos tanzanianos fala bem o inglês. O Swahili é a língua oficial. "Chakula", por exemplo, significa "comida". Se quiser dizer "Deus te ama" é fácil: "Mungu anakupenda".

Para quem não leu minha última postagem, estou em Rombo, uma vila a 65 quilômetros de Moshi, onde Deus plantou o Monte Kilimanjaro, o maior da África. A propósito, estou negociando um dia para visitarmos esta obra-prima das mãos do Criador do Céu e da terra. Espero que até lá, isto é, daqui a três ou quatro dias, o efeito estufa não derreta o que resta da neve em seu topo. As fotos eu posto assim que puder.

Após o café da manhã fui dar uma caminhada nas redondezas do convento onde estou hospedado. Subitamente encontro duas irmãs vestidas de hábito azul adubando uma plantação de bananas com esterco de gado. Nem para isso tiram o hábito. Em muitos conventos no Brasil, muitas vezes, é dificil identificar uma irmã. Terminada a caminhada, fui para capela do convento para 1 hora de oração diante do Santíssimo Sacramento. Mais importante do que falar de Deus, é falar com Deus. A propósito, não se pode falar de Deus sem antes ter falado com Ele.

Missa diária

Meio-dia e meia o padre Anthony Marunda, pároco local, veio me buscar para a santa missa. Acontece todos os dias no local onde as pregações são feitas. É uma ampla área, ao ar livre. A cada 5 minutos uma pequena tempestade de pó se levanta, fustigando santos e pecadores. Todos recebem a Comunhão na boca. Niinguém aqui se veste indecentemente. É coisa rara ver uma mulher usando calça comprida. Usam vestidos ou cangas longas, à moda africana. Durante as pregações e a santa missa o silêncio é absoluto. Mas na hora de cantar os louvores do Senhor acontece uma explosão de alegria.

Todos aqui - crianças, jovens, adutos e idosos - demonstram uma encantadora docilidade. A propósito, é a primeira vez que muitos dos que estão nesta cruzada estão vendo um homem branco ao vivo. Quando estou no meio das crianças, com os olhos arregalados, elas procuram tocar minhas mãos para ver se há algo diferente. Claro, quase todos aqui já ouviram falar de Ronaldinho.

Esta cruzada de evangelização vai durar 14 dias ininterruptos. Na parte da manhã são realizados os "workshops", ou oficinas, sobre diversos temas relacionados à nossa fé católica. Após a santa missa vamos para o almoço. Carne, arroz, banana preparada em diferentes formas e refrigerante. Detalhe: ninguem come sem antes lavar as mãos. Às 3 horas da tarde acontece a primeira pregação. Um breve intervalo para uma coleta e, em seguida, a segunda pregação do dia. Às 6 horas da tarde o padre dá a bênção de encerramento do dia e todos retornam para seus lares.

Uganda 2008

A primeira pregação de hoje, dia 4 de julho, foi minha. "Libertos do poder da trevas", foi o tema escolhido. Como fio condutor, usei o versículo de II Cor 2, 11: "Não quero que sejamos vencidos por Satanás, pois não ignoramos as suas maquinações". Aqui na África, especialmente, a feitiçaria ainda encontra amplo espaço. Muitos são feiticeiros por profissão.Também as falsas doutrinas pululam por aqui. Graças a Deus, os filhos desta terra acolhem com muita alegria a Boa Nova da Salvação.

Anna Mwesigye, pregadora da Uganda, fez a segunda pregação do dia. Ela é membro de uma comunidade de vida e de aliança chamada Emmaus Centre. Fez um convite informal para mim (ou "eu" - socorro, Regina!) pregar na Uganda em 2008, com uma condição: tem que ser em inglês (socorro, Leonard!). Bem que a minha professora disse que um dia eu precisaria do inglês.

Agora são 22h40. Na parede, à minha frente, um quadro com a Sagrada família de Nazaré e um outro com a foto do pai da nação tanzaniana, Julius K. Nyerere, primeiro presidente do país após a independência em 1961. Amanhã, dia 5, se Deus quiser, vou postar este relato. Aos que estão acompanhando esta missão peço o favor de divulgar para sua lista o meu blog: celsderetti.blogspot.com

Asante Sana (muito obrigado) a todos que estão em oração por esta missão. Espero que próximo ano mais missionários brasileiros pisem o solo africano para anunciar a Salvação a estes pequeninos de Deus. É uma experiência fascinante. Até a próxima postagem. A Cristo Jesus, Rei das nações, Senhor e Salvador, toda honra e toda glória. Maria, Estrela da evangelização, rogai por nós. Amém.

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