terça-feira, 10 de julho de 2007

Fogo sobre a terra

Décimo segundo dia de missão. Hoje é dia 9 de julho. A batalha espiritual tem se intensificado. Por mais de 4 dias não puder usar meu notebook. Um mecanismo de controle do Windows Vista (Product Key) bloqueou o acesso. Finalmente, depois de falar com o pessoal da Microsoft no Brasil, consegui abrir o programa. Durante o dia oro e prego; durante a noite escrevo. Vamos às novidades.

Estou bem de saúde. A gripe foi embora de vez. Último dia 7, após uma semana de missão, deixamos Rombo e viemos para Moshi, aos pés do Monte Kilimanjaro. Minha última pregação em Rombo foi sobre Fé e conversão. Cerca de 2 mil pessoas presentes. Naquela região a feitiçaria encontra muitos seguidores. Sacrifícios de crianças e bodes são frequentes. A princípio eu duvidava destas práticas. Através de um sonho Deus me mostrou uma criança cuja carne fora comida por feiticeiros. Os padres, conhecedores da cultura local, confirmaram tais práticas. Um dos pregadores desta cruzada é um ex-feiticeiro convertido à fé em Jesus.

A propósito, práticas supersticiosas pululam por todos os lados. Os feiticeiros exercem uma espécie de terrorismo psicológico para manter o controle sobre as pessoas. Ameaçam-nas de morte, caso não façam o que exigem. Abusam sexualmente de jovens e ganham dinheiro à custa do medo das pessoas. Todos os dias oramos intensamente pela libertação e pela quebra de toda espécie de escravidão espiritual ligado ao ocultismo. Quando orávamos, de muitas maneiras os espíritos das trevas se manifestavam - com grandes gritos, ou atirando os oprimidos ao chão, onde se contorciam violentamente.

Na noite anterior à minha partida, as lideranças locais da Renovação Carismática ofereceram um jantar de confraternização aos pregadores. Tudo muito singelo, mas temperado com muito amor e afeto. Com profunda comoção agradeceram nossa participação nesta grande cruzada de evangelização. Também me ofereceram, acreditem, uma contribuição financeira para minhas despesas de viagem.

Irmãs de Nossa Senhora de Kilimanjaro

Na manhã seguinte, missa às 6 horas da manhã na capela do Convento das Irmãs de Nossa Senhora de Kilimanjaro, onde fiquei hospedado. Após o café da manhã pediram que eu pregasse às irmãs que ali moram. Mais de 50 irmãs estavam à minha espera. Preguei sobre o amor de Deus. Após a pregação, oramos por cura e libertação. À medida que o Espírito Santo, através da palavra de ciência revelava as curas, eu as proclamava e pedia que as irmãs curadas confirmassem com a mão erguida. O poder de Jesus se manifestou prodigiosamente. Uma grande unção atingiu a todos nós e muitos milagres aconteceram: colunas endireitadas, ossos restaurados, visão recuperada, só para citar alguns.

Em seguida fui convidado a pregar e orar por irmãs idosas, a maioria com sérios problemas de saúde. Moram em um alojamento separado, especialmente preparado para acolher religiosas enfermas. Eram cerca de 20 irmãs. Mais uma vez o poder do alto operou sinais e prodígios. Prego em português. Minha intérprete, Regina Masalu, faz tradução simultânea para o Swahili.

Para poder me acompanhar durante este mês de missão, Regina correu o risco de perder o emprego recentemente conquistado. Por cauda da missão, pediu permissão para começar no mês que vem. O empregador disse-lhe: "Se é para servir a Deus, pode ir". A Palavra de Deus é clara: "Ai daqueles que desde a manhã procuram a bebida, e ue se retardam à noite nas excitações do vinho! Amantes da cítara e da harpa, do tamborim e da flauta, e do vinho em seus banquetes, mas para as obras do Senhor não têm um olhar sequer" (Is 5,11s).

Próximo ao meio-dia, quando terminava de arrumar as malas (pregador mora na mala), recebi a visita de um grupo de candidatas à vida religiosa. Eram cerca de 15 meninas, entre 16 e 20 anos aproximadamente. Naquele dia viajariam para a casa de seus pais para alguns dias de férias. Quando retornarem serão admitidas como noviças na congregação. Ficarão 2 anos sem visitar seus familiares. É o tempo chamado de ruptura. Me procuraram para pedir uma oração. Foi uma cena tocante. Quando comecei a orar com as mãos estendidas sobre elas, caíram todas de joelhos e inclinaram a cabeça. Como é grande a piedade deste povo africano!

A caminho de Moshi, dentro de um Toyota Land Cruiser, o padre Evarist pediu fôssemos até uma Escola de formação profissional de enfermeiras, tambem dirigido pelas irmãs de Nossa Senhora de Kilimanjaro. As irmãs pediram que orássemos pelo local. O problema: feitiçaria. Chegou ao conhecimento das irmãs que algumas das estudantes estavam envolvidas com sacrifícios de crianças. Também foi-lhes dito que os trabalharam na contrução do edifício moeram 17 crânios humanos e espalharam o pó na área da construção. Depois de orar pela libertação do local, almoçamos e seguimos viagem para Moshi.

Uma grande surpresa

Vir para Moshi e não ver o Monte Kilimanjaro é como ir a Roma e não ver o Papa. Rombo fica a 65 quilômetros de Moshi, onde Deus encravou esta maravilhosa demonstração do seu poder. A emoção aumentou quando cruzamos o portão de acesso ao Parque Nacional Kilimanjaro. Então veio a notícia. O Kilimanjaro estava completamente coberto pelas nuvens. Somente no dia seguinte seria possível contemplá-lo. Sem esconder minha desolação, nos dirigimos até o convento das irmãs do Precioso Sangue (Sisters of the Precious Blood), na cidade de Moshi, onde fiquei hospedado até o dia de ontem.

Assim como em Rombo, o local é excelente. Luz elétrica, vaso sanitário, chuveiro elétrico, comida boa, natureza verdejante, missa diária e a presença do Santíssimo Sacramento a poucos metros do meu quarto, na capela aqui do convento. Ontem, domingo, depois da missa das 6h30 da manhã, saí da capela certo de que veria o Kilimanjaro. Mas o que meus olhos viram foi o céu completamente coberto de nuvens. Perguntei à minha intérprete se tinha bom fôlego. "Por quê", quis saber. "Você pode ficar soprando até que as nuvens desapareçam", brinquei.

Já que não vou ver o Kili, vou aproveitar para descansar, raciocinei. Mas o Criador do Céu e da terra quis que meus olhos contemplassem a mais bela das suas criaturas. Após o café da manhã a irmã Imaculata disse-me: "Vem comigo. Quero te mostrar algo". Bem ao lado do convento, as irmãs mantém um orfanato para crianças abandonadas. São 44 crianças com histórias difíceis de acreditar serem verdadeiras. Uma delas foi encontrada dentro de uma latrina, lutando contra a morte (latrina é um buraco para as fezes e urina).

Outras foram abandonadas pelos pais à beira de uma rodovia ou no hospital. Outras perderam a mãe durante o parto. Uma delas tem a mãe com deficiência mental. Felizmente, o ambiente e a organização do orfanato é excelente. As funcionárias que cuidam das crianças são treinadas durante 2 anos antes de assumirem seus postos. A limpeza é impecável. Crianças que precisam de fisioterapia são tratadas no hospital próximo ao orfanato. A pimpolhada acorda às 6h da manhã e pegam uma horizontal à 19 horas. Passam o dia brincando e orando.

Segundo a irmã Imaculata, diretora do orfanato, quando atingem 3 anos são devolvidas ao pai ou à mãe. Caso não têm pais, são adotadas por outras famílias. Hoje mesmo uma menina de nome Fabiana foi adotada por uma família aqui de Moshi. O orfanato subsiste graças à contribuição de empresas e particulares. Irmã Imaculata fez um apelo aos que estão lendo esta postagem. Quem quiser contribuir financeiramente pode entrar em contato comigo, Celso, pelo email: celsoderetti@yahoo.com.br. Fiz um pequeno documentário com minha filmadora. Espero poder exibi-lo na Canção Nova, Rede Vida ou na Século XXI. É emocionante.

Próxima cruzada

Hoje, segunda-feira, às 8h30, minha intérprete, Regina, seu filho Paulo e eu pegamos o ônibus para Dar es Salaam. Durante a viagem servem refrigerante. Também rodam um DVD com músicas de louvor e adoração. Lembrei de um dia quando quase me lincharam porque preguei a Palavra de Deus dentro de um ônibus da Praiana, entre Balneário Camboriú e Itajaí. O interessante é que se rodassem um vídeo pornográfico ninguém falaria nada. É o cumprimento da Palavra de Jesus: "Se me odiaram, também odiarão a vós".

Chegamos em Dar às 16 horas, cansados mas felizes. Um servo nos aguardava e nos levou até o local onde as pregações estão acontecendo. Pude acompanhar a última pregação do dia conduzida por um pregador da Uganda, de nome Michael. Pregou sobre a necessidade de perdoarmos nossos inimigos a fim de nós também sermos perdoados por Deus. Testemunhou a história de um catequista da sua paróquia que perdoou o estuprador da filha de cinco anos. Ao final, oramos fervorosamente pela libertação de todos que precisavam perdoar seus ofensores. Perdoei aqueles que, embora possuindo muito, nada fazem para a evangelização dos povos.

Ficarei em Dar até domingo. Provavelmente farei 3 ou 4 pregações. Depois sigo para Dodoma, centro político da Tanzânia. Devo permanecer lá cerca de 1 semana. Obviamente pregando a Palavra de Deus. A propósito, ano passado, na cruzada de Mbinga, profetizei sobre a vida de um membro do parlamento federal. O nome dele é Kayombo. O Espírito Santo revelou que um dia seria presidente da Tanzânia. Alguns meses depois foi chamado para ser ministro da economia e do desenvolvimento do país, cargo que ocupa ainda hoje.

A todos vocês que me acompanham neste blog, obrigado pelas orações. Obrigado, especialmente, àqueles que estão dando suporte financeiro. Peço que, na medida do possível, convidem o pessoal da lista de emails a visitar este blog (celsoderetti.blogspot.com). Aos que podem, peço ajuda financeira para cobrir as despesas desta missão. Minha conta para depósito:

Banco do Brasil
Agência: 1489-3
Conta Corrente: 16.479-8

Que o Precioso Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual fomos redimidos, nos liberte de todas as insídias de Satanás, nos purifique de todo pecado, e nos torne inabaláveis na observância eno cumprimento da Palavra de Deus. Que Maria, Estrela da Evangelização, nos proteja de nos guie hoje e sempre. Que Santa Terezinha do Menino Jesus, padroeira das missões, alcance junto a Jesus as mais preciosas bênçãos sobre todos nós. Amém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário