segunda-feira, 9 de junho de 2014

O REMÉDIO DA IMORTALIDADE

Os filósofos dizem que a vida do homem é uma luta contínua contra o poder da morte. Por mais que se debata, nenhum filho de Adão é capaz de furtar-se do dia de sua visita. O problema não é a morte  — afinal de contas muitos a desejam como remédio definitivo para os inevitáveis males da vida presente — , mas aquilo que se delineia para além de suas misteriosas portas.

Eis o grande enigma que todos buscam decifrar: uma vez que a busca da imortalidade está, ao mesmo tempo, inscrita no coração do homem e fora de suas possibilidades, onde encontrar o remédio da imortalidade?A resposta é: No Corpo e Sangue de Jesus, o único que tem “as chaves da Morte e do Hades” (Ap 1, 18).

Em Jesus, o enigma da morte está definitivamente decifrado. Quando, por causa da desobediência de nossos primeiros pais, estávamos irremediavelmente perdidos, “Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). Como isto acontece? “Quem come minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida” (Jo 6, 54s), revela Jesus.

Por causa do pecado das origens, Deus impediu o homem de ter acesso à árvore da vida: “Se o homem já é como um de nós, versado no bem e no mal, que agora ele não estenda a mão e colha também da árvore da vida, e coma e viva para sempre!” (Gn 3, 22). Pelo Caminho de seu Corpo e Sangue, Cristo Jesus nos dá de novo acesso à árvore da vida, da qual Adão fora privado: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá para sempre. O pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo” (Jo 6, 51).

O remédio da imortalidade, portanto, é a Eucaristia. A Festa de Corpus Christis é a celebração da certeza de que, alimentando-nos com o Pão da Vida, “embora em nós, o homem exterior vá caminhando para a sua ruína, o homem interior se renova dia a dia. Pois nossas tribulações momentâneas são leves em relação ao peso eterno de glória que elas nos preparam até o excesso” (2Cor 4, 16s).

Recebendo dignamente o Corpo e o Sangue de Jesus, onde se esconde toda a sua divindade, testemunhamos para o mundo que “Não olhamos pra as coisas que se veem, mas para as que não se veem; pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno” (2Cor 4, 18). Assim, ao invés de ser o remédio definitivo para todos os males da vida presente, a morte torna-se a porta de entrada para um banquete sem fim na presença da Santíssima Trindade, Maria Santíssima e toda a corte celeste.