quinta-feira, 31 de maio de 2012

quarta-feira, 30 de maio de 2012

MISSÃO SEDE SANTOS NA ÁFRICA




Padre Márlon Múcio, mss

“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15).


“Ouvi falar que Jesus está chorando na África. Estamos indo lá para tentar enxugar as suas lágrimas” (Pe. Márlon, mss).


A Tanzânia, país da África Oriental, é considerado pelos pesquisadores como “O berço da humanidade”. Também é conhecido como “O país das girafas”. É um dos países mais pobres do mundo: metade da população vive em situação de extrema pobreza. É o país das simpatias, curandeiros e poções milagrosas. Na Tanzânia há muita gente que nunca ouviu falar no nome de Jesus. É para lá, há mais de 9 mil quilômetros do Brasil, que em julho de 2012 partirão 3 missionários Sede Santos. Celso Deretti, missionário catarinense, irá conosco.


CONHEÇA UM POUCO DA TANZÂNIA

Nome oficial:
República Unida da Tanzânia (Jamhuri ya Muungano wa Tanzania). 
Localização: África Oriental.
Limites: a Leste, com o Oceano Índico; ao Sul, com Moçambique, Malauí e Zâmbia; a Oeste, com o Burundi, Ruanda e República Democrática do Congo; e, ao Norte, com Uganda e Quênia.
Independência da Grã-Bretanha: 26 de abril de 1964.
Primeiro presidente: Julius Nyerere.
Clima:  Varia de tropical ao longo da costa a temperado nas terras altas.
Recursos naturais: Latão, hidrelétricas, minério de ferro, carvão, diamantes, pedras preciosas, ouro, gás natural e níquel.
Agricultura: Café, sisal, chá, algodão, pyrethrum (inseticida feito de crisântemo), caju, tabaco, cravo da Índia, milho, trigo, mandioca, banana, fruta, vegetais.
Pecuária: Gado, ovelhas e cabras.
Indústria: Processamento de açúcar, cerveja, cigarro e sizal; mineração (diamantes, ouro e ferro), sal, soda cáustica, cimento, óleo refinado, calçados, móveis e fertilizantes.
Área: 945.087 km².
População: 43,6 milhões de habitantes.
Refugiados: 352,6 mil (de Burundi); 127,9 (de Congo).
Taxa média anual de crescimento populacional: 1,96%.
Telefones fixos: 174,5 mil linhas.
Celulares: 20,9 milhões.
Lares com internet: 678 mil (2009).
Mortalidade infantil: 65,7 para cada mil nascidos.
Leitos hospitalares: 1,1 camas para cada mil habitantes (2006).
Número de médicos: 0,008 para cada mil habitantes (2006).
Pessoas infectadas com o vírus HIV (Aids): 1,4 milhão.
População residente em área urbana: 26,4%.
População residente em área rural: 73,6%.
Densidade demográfica: 47,6 hab/km².
Capital oficial: Dodoma (região central do país).
Capital política: Dar es Salaam (antiga capital, à beira do Oceano Índico).
Cidades principais: Dar es Salaam (3,2 milhões), Mwanza (223 mil), Dodoma (203,8 mil), Tanga (187,1 mil), Zanzibar (157.6 mil) (Estatísticas de 2009).
Data nacional: 26 de abril (data da unificação de Zanzibar e Tanganica).
Idioma oficial: Swahili e inglês.
Religiões: Cristianismo 53,2% (católicos 28%, protestantes 18,6%, outros 6,6%), islamismo 31,6%, crenças tradicionais 13,4%, outras 1,4%, agnosticismo e ateísmo 0,4%.
Esperança de vida ao nascer: 53,14 anos (albinos: 30 anos).
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): 0,398 (baixo).
Produto Interno Bruto (PIB): 21,6 bilhões de dólares.
Economia: depende, em grande parte, da agricultura, que lhe proporciona 58% do produto interno bruto (PIB); sustenta 85% das exportações e dá trabalho a 90% da mão de obra.
Governo: República presidencialista.
Presidente: Jakaya Kikwete.
Moeda: Xelim tanzaniano.
Geografia: rica e variada, inclui pontos mundialmente conhecidos, como o lago Vitória, a planície do Serengeti e a vasta região montanhosa a Nordeste, na fronteira com o Quênia, na qual se destacam os Montes Meru e Kilimanjaro.
Patrimônios da Humanidade: Área de Conservação Ngorongoro; ruínas de Kilwa Kisiwani e Songo Mnara; Parques Nacionais Serengeti e do Kilimanjaro; Reserva de Caça Selous.
Distância do Brasil: 9.122,45 km (a partir de Brasília).


MAIS ALGUMAS INFORMAÇÕES

• O território onde se encontra a Tanzânia nasceu da união de duas regiões (Zanzibar e Tanganica) colonizadas que foram, sucessivamente, pela Alemanha e pelo Reino Unido. A unificação aconteceu em 1964.
  • Apesar de a Tanzânia figurar entre os países mais pobres do mundo, a sua dimensão territorial (31º maior país do globo, em extensão), seu quadro interno estável e o potencial de desenvolvimento existente, como no caso dos grandes lagos, podem vir a atrair investimentos e a reverter a situação de pobreza extrema, que afeta a metade da população, segundo os critérios do Banco Mundial.
  • A Tanzânia é um dos países mais estáveis e pacíficos da África, onde, inclusive, vivem harmonicamente cristãos e muçulmanos.
  • A Tanzânia possui aproximadamente 130 tribos diferentes, onde cada uma tem sua própria cultura.
  • O país é famoso pelas atrações naturais, como o monte Kilimanjaro, o mais alto da África (5.895 metros) e os 3 maiores lagos do continente - Vitória, Tanganica e Malauí. Além dos 13 Parques Nacionais, abriga a Área de Conservação Ngorongoro, 29 Reservas, 40 Áreas Controladas, 120 sítios culturais, além de parques marinhos.
  • O país acolhe refugiados hutus de Ruanda (em 1994, a etnia Hutus dizimou 800 mil Tutsis, num eventos conhecido como o genocídio de Ruanda). Cerca de 2 milhões de hutus encontra-se refugiados no Congo.
  • A Tanzânia é o lar de alguns dos mais antigos assentamentos humanos, com fósseis encontrados próximos da Garganta de Olduvai, no norte do país. Por isto, é chamada de “Berço da Humanidade". Estes fósseis incluem ossos do Paranthropus, que se pensa ter mais de 2 milhões de anos, e as pegadas mais antigas conhecidas.
  • A Tanzânia é um exemplo para outras nações africanas na luta contra a discriminação dos albinos.
  • A televisão cobre apenas chega a 19% da população urbana e apenas 5% da população total da Tanzânia.
  • A girafa é o símbolo do país, também chamado de “País das girafas”. Ali existem as girafas-masai, a maior subespécie de girafa, e o mamífero mais alto da Terra. Além da Tanzânia, ela pode ser encontrada no Quênia.
  • O primeiro presidente do país, Julius Neyrere (que governou o país até 1995 e faleceu em 1999) está em processo de beatificação. São palavras do Servo de Deus: "Desejaria acender uma vela e colocá-la no topo do monte Kilimanjaro, para que iluminasse até mais além de nossas fronteiras, dando esperança aos que estão desesperançados, pondo amor onde há ódio e dignidade onde há humilhação".

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Selados com o Espírito Santo



Reinaldo B. Reis

Uma das mais fantásticas prerrogativas da vida cristã é essa virtude que a palavra divina nos promete na segunda carta de Pedro (II Pd 1, 3-4): “O poder divino deu-nos tudo o que contribui para a vida e a piedade, fazendo-nos conhecer aquele que nos chamou por sua glória e sua virtude. Por elas, temos entrado na posse das maiores e mais preciosas promessas a fim de tornar-nos por este meio participantes da natureza divina...”

Como, efetivamente, participamos dessa natureza divina? Como se dá essa incrível possibilidade? São João nos explica: “Nisto é que conhecemos que estamos nele, e ele em nós: por ele nos ter dado o seu espírito” (I Jo 4, 13). E bem o sabemos que “o amor de Deus já foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (cf. Rm 5,5)... O Espírito Santo se apresenta, pois, como aquele que torna possível participarmos – de um modo que decididamente só podemos entrar com a  nossa fé – , da natureza divina.

Ao dar-se a nós, obviamente o Espírito Santo não se torna humano, e continua sendo ele mesmo. Também nós, que o recebemos, permanecemos a mesma pessoa, embora participando, à maneira de filhos, da natureza divina. Pois “o Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus” (Rm 8,16)...

Ao recebermos o dom do Espírito – o que fez de nós novas criaturas e nos introduz na vida divina –, não ocorre uma mistura de espíritos (uma vez que o Espírito, que se entrega a nós em sua soberana e espontânea liberdade, sempre permanecerá uma pessoa distinta de nós), mas uma relação de pessoas, onde nossa humanidade é elevada à dignidade da consagração e confirmação em Cristo, e Ele nada perde de sua  divindade. “Ora, quem nos confirma a nós e a vós em Cristo, e nos consagrou, é Deus. Ele nos marcou com o seu selo e deu aos nosso corações o penhor do Espírito” (II Cor 1,22).

Esse texto sugere que o Espírito atua sobre nós da mesma maneira como age o carimbo sobre a cera: deixando impressa nela suas características e seu formato, permanecendo, entretanto – carimbo e cera –, distintos e diferentes um do outro. Ou seja, embora imprima em nós um caráter de criaturas participantes da natureza divina – e nos torne semelhantes a Si, mesmo – o Espírito Santo e nós permanecemos distintos um do outro...

“Em Jesus Cristo, também nós, depois de termos ouvido a palavra da verdade, o Evangelho da nossa salvação no qual temos crido, fomos selados com o Espírito Santo que fora prometido, que é o penhor da nossa herança, enquanto esperamos a completa redenção daqueles que Deus adquiriu para o louvor de sua glória” (cf Ef 1, 13).

“Não contristemos, pois, o Espírito Santo de Deus, com o qual estamos selados para o dia da redenção...” (cf. Ef 4,30). Amém!...

Um novo Pentecostes!




Reinaldo B. Reis


Podemos abordar o evento ocorrido naquele Pentecostes, em que Deus cumpriu a promessa de dar inusitadamente o Espírito Santo, sob dois diferentes pontos de vista:

- A partir de uma perspectiva histórica – em que Pentecostes deve ser considerado como um evento único, pontual, irrepetível;

-  E a partir de uma perspectiva que toma em conta também os efeitos de Pentecostes – pelo qual devemos então considerar aquele evento como o início de uma nova era na economia da salvação, em que o Espírito Santo passa a estar presente não apenas no meio de nós – como, aliás, sempre esteve! –, mas (essa sim é a novidade primordial), também, em nós!...

O que aconteceu em Pentecostes não foi o derramamento definitivo, conclusivo, total da graça messiânica do Espírito, mas o início desse derramamento. Aquele Espírito que – ainda que sempre estivera presente entre nós – “não havia sido dado porque Jesus ainda não havia sido glorificado” (cf. Jo 7, 37-39), agora, mediante o mistério pascal protagonizado por Jesus, é dado de uma maneira nova aos Apóstolos e à Igreja e, por intermédio deles, à humanidade e ao mundo todo. Ele, que já fora primeiramente enviado como dom para o Filho que se fez homem, em Pentecostes vem em sua nova missão para consumar a obra do Filho. “Deste modo, será ele quem levará à realização plena a nova era da história da salvação” (cf. DeV,22)...

Podemos dizer, pois, apropriadamente, que “os tempos que estamos vivendo são tempos da efusão do Espírito Santo” (cf. Cat. Ig. Cat., 2819). Inseparáveis que são em sua natureza divina única, as pessoas divinas também são inseparáveis naquilo que fazem; isto é, sempre que age, Deus o faz trinitariamente.
“Contudo, cada pessoa divina opera a obra comum segundo a sua propriedade pessoal... e cada uma delas manifesta o que lhe é próprio na Trindade...” (cf. Cat. Ig. Cat., n. 258 e 266).

E o que seria próprio do operar do Espírito nestes momentos da história que constituem o seu tempo? Por quais sinais devemos, nós – Igreja congregada sob o impulso da Trindade – ansiar, em decorrência de sua presente missão entre nós (e em nós!)?

Nesta sua nova missão de nos revelar e comunicar a obra do Filho, o Espírito quer nos convencer de que Deus é Aba! Pai (Rm 8,15), e que somos, em Cristo, irmãos (Rm 8,16) e herdeiros da graça (Rm 8, 17); que Jesus Cristo é Senhor (I Cor 12,3), e que nele encontramos a vida plena e verdadeira (Rm 8, 1-2). E que por isso precisamos dar testemunho desse Cristo, tarefa que não conseguimos realizar sem Seu poder (At 1,5-8), sem Seu auxílio interior (DV, 5)...

“O Espírito Santo, na sua misteriosa ligação de divina comunhão com o Redentor do homem, é quem dá continuidade à sua obra: ele recebe do que é do Cristo e transmite-o a todos, entrando incessantemente na história do mundo através do coração do homem” (DeV, 67).

Com uma fé expectante, pois, que se alinhe aos crescentes anseios da Igreja no último século por “um novo e perene Pentecostes” (conforme, por exemplo, o desejo de João XXIII, de Paulo VI, João Paulo II, e de Bento XVI...), precisamos entender que aquele Pentecostes histórico foi apenas o início de um derramamento diferenciado do dom do Espírito em nós e entre nós. Agora – diferentemente do que acontecia antes da glorificação de Jesus – o dom do Espírito é ofertado a todos (At 2,37-39), vem para estar sempre presente em quem o acolhe (Jo 14,16), revelado como Pessoa (Jo 14,26), conosco e em nós ( Jo 14, 16-17), e não apenas de um modo natural, imanente, mas – pela graça do sacramento do Batismo – de maneira sobrenatural (I Cor 3,16;6,20).

Pentecostes revela-se, assim, como o alvorecer de um novo tempo que nos oferece – como nunca! – a possibilidade de um novo relacionamento,  de um relacionamento mais íntimo e experiencial com a Pessoa do Espírito Santo, pois que nunca estivera Ele tão presente em nós – como dom –, como está hoje. (No dizer de Cirilo de Alexandria, “havia nos profetas uma iluminação riquíssima do Espírito Santo. Mas nos fiéis não há somente esta iluminação; é o próprio Espírito que habita e permanece em nós. Somos chamados otemplo de Deus, coisa que jamais foi dita dos profetas”.

Quando nossos bispos, reunidos em Aparecida para a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, nos convidam a “esperar um novo Pentecostes... uma vinda do Espírito...” (cf. Doc. de Aparecida, 362), e reconhecem que “necessitamos de um novo Pentecostes!” (cf. Doc. de Aparecida, 548), precisamos também nós todos abrirmo-nos de coração e mente a esse novo – e necessário! – derramamento, a esse nova – e possível! – efusão do Espírito (cf. Cat. Ig. Católica, 667), para que experimentemos de fato uma conversão pastoral (cf. Doc. Aparecida, 365-372) que nos predisponha a um renovado e autêntico impulso missionário, e assim “recobremos o ‘fervor espiritual’ (...), e recuperemos o valor e a audácia apostólicos” (cf. Doc. Aparecida, 552)...

Paulo VI, já em 1972, exortava-nos sobre a necessidade que tem a Igreja de um Pentecostes permanente. Na Carta Encíclica Redemptoris Missio (nº 92), João Paulo II nos ensinava: “Como os apóstolos depois da ascensão de Cristo, a Igreja deve reunir-se no Cenáculo “com Maria, a Mãe de Jesus” (At 1, 14), para implorar o Espírito e obter força e coragem para cumprir o mandato missionário. Também nós, bem mais do que os Apóstolos, temos necessidade de ser transformados e guiados pelo Espírito”. E, em uma audiência proferida a 16 de outubro de 1974, preconizava ele: “Quisera Deus, que o Senhor aumentasse ainda uma chuva de carismas para fazer a Igreja fecunda, bonita e maravilhosa, capaz de impor-se inclusive à atenção e ao pasmo do mundo profano, do mundo laicizante” (...) “Se a Igreja souber entrar em uma fase de tal predisposição para uma nova e perene vinda do Espírito Santo, Ele, a “luz dos corações”, não demorará em entregar-se, para gozo, luz, fortaleza, virtude apostólica e caridade unitiva, de tudo enfim, de que hoje necessita a Igreja”. E, na Carta Apostólica Tertio Millenio Adveniente (nº 59), insistia ele: “...Exorto os venerados Irmãos no Episcopado e as comunidades eclesiais a eles confiadas a abrirem o coração às sugestões do Espírito”...

Possa o Espírito Santo, por nossa sede e anuência, predispor nossos corações a um novo, fecundo e abundante derramamento de suas graças, e assim, dóceis às Suas inspirações, sejamos animados a, “com Seu poderoso sopro, levar nossos navios mar adentro, sem medo das tormentas, seguros de que a Providência de Deus nos proporcionará grandes surpresas” (cf. Doc. Aparecida, 551). Amém!

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Biografia de Sua Santidade Bento XVI






O Cardeal Joseph Ratzinger, Papa Bento XVI, nasceu em Marktl am Inn, diocese de Passau (Alemanha), no dia 16 de Abril de 1927 (Sábado Santo), e foi batizado no mesmo dia. O seu pai, comissário da polícia, provinha duma antiga família de agricultores da Baixa Baviera, de modestas condições econômicas. A sua mãe era filha de artesãos de Rimsting, no lago de Chiem, e antes de casar trabalhara como cozinheira em vários hotéis.


Passou a sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade perto da fronteira com a Áustria, a trinta quilômetros de Salisburgo. Foi neste ambiente, por ele próprio definido "mozarteano", que recebeu a sua formação cristã, humana e cultural.

O período da sua juventude não foi fácil. A fé e a educação da sua família prepararam-no para enfrentar a dura experiência daqueles tempos, em que o regime nazista mantinha um clima de grande hostilidade contra a Igreja Católica. O jovem Joseph viu os nazistas açoitarem o pároco antes da celebração da Santa Missa.

Precisamente nesta complexa situação, descobriu a beleza e a verdade da fé em Cristo; fundamental para ele foi a conduta da sua família, que sempre deu um claro testemunho de bondade e esperança, radicada numa conscienciosa pertença à Igreja.

Nos últimos meses da II Guerra Mundial, foi arrolado nos serviços auxiliares anti-aéreos.
Recebeu a Ordenação Sacerdotal em 29 de Junho de 1951.

Um ano depois, começou a sua atividade de professor na Escola Superior de Freising.
No ano de 1953, doutorou-se em teologia com a tese "Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho". Passados quatro anos, sob a direção do conhecido professor de teologia fundamental Gottlieb Söhngen, conseguiu a habilitação para a docência com uma dissertação sobre "A teologia da história em São Boaventura".

Depois de desempenhar o cargo de professor de teologia dogmática e fundamental na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Freising, continuou a docência em Bonn, de 1959 a 1963; em Münster, de 1963 a 1966; e em Tubinga, de 1966 a 1969. A partir deste ano de 1969, passou a ser catedrático de dogmática e história do dogma na Universidade de Ratisbona, onde ocupou também o cargo de Vice-Reitor da Universidade.

De 1962 a 1965, prestou um notável contributo ao Concílio Vaticano II como "perito"; viera como consultor teológico do Cardeal Joseph Frings, Arcebispo de Colônia.
A sua intensa atividade científica levou-o a desempenhar importantes cargos ao serviço da Conferência Episcopal Alemã e na Comissão Teológica Internacional.

Em 25 de Março de 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o Arcebispo de München e Freising. A 28 de Maio seguinte, recebeu a sagração episcopal. Foi o primeiro sacerdote diocesano, depois de oitenta anos, que assumiu o governo pastoral da grande arquidiocese bávara. Escolheu como lema episcopal: "Colaborador da verdade"; assim o explicou ele mesmo: "Parecia-me, por um lado, encontrar nele a ligação entre a tarefa anterior de professor e a minha nova missão; o que estava em jogo, e continua a estar – embora com modalidades diferentes –, é seguir a verdade, estar ao seu serviço. E, por outro, escolhi este lema porque, no mundo atual, omite-se quase totalmente o tema da verdade, parecendo algo demasiado grande para o homem; e, todavia, tudo se desmorona se falta a verdade".

Paulo VI criou-o Cardeal, do título presbiteral de "Santa Maria da Consolação no Tiburtino”, no Consistório de 27 de Junho desse mesmo ano.

Em 1978, participou no Conclave, celebrado de 25 a 26 de Agosto, que elegeu João Paulo I; este nomeou-o seu Enviado especial ao III Congresso Mariológico Internacional que teve lugar em Guayaquil (Equador) de 16 a 24 de Setembro. No mês de Outubro desse mesmo ano, participou também no Conclave que elegeu João Paulo II.

Foi Relator na V Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos realizada em 1980, que tinha como tema "Missão da família cristã no mundo contemporâneo", e Presidente Delegado da VI Assembleia Geral Ordinária, celebrada em 1983, sobre "A reconciliação e a penitência na missão da Igreja".

João Paulo II nomeou-o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, em 25 de Novembro de 1981. No dia 15 de Fevereiro de 1982, renunciou ao governo pastoral da arquidiocese de München e Freising. O Papa elevou-o à Ordem dos Bispos, atribuindo-lhe a sede suburbicária de Velletri-Segni, em 5 de Abril de 1993.

Foi Presidente da Comissão encarregada da preparação do Catecismo da Igreja Católica, a qual, após seis anos de trabalho (1986-1992), apresentou ao Santo Padre o novo Catecismo.
A 6 de Novembro de 1998, o Santo Padre aprovou a eleição do Cardeal Ratzinger para Vice-Decano do Colégio Cardinalício, realizada pelos Cardeais da Ordem dos Bispos. E, no dia 30 de Novembro de 2002, aprovou a sua eleição para Decano; com este cargo, foi-lhe atribuída também a sede suburbicária de Óstia.

Em 1999, foi como Enviado especial do Papa às celebrações pelo XII centenário da criação da diocese de Paderborn, Alemanha, que tiveram lugar a 3 de Janeiro.

Desde 13 de Novembro de 2000, era Membro honorário da Academia Pontifícia das Ciências.
Na Cúria Romana, foi Membro do Conselho da Secretaria de Estado para as Relações com os Estados; das Congregações para as Igrejas Orientais, para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para os Bispos, para a Evangelização dos Povos, para a Educação Católica, para o Clero, e para as Causas dos Santos; dos Conselhos Pontifícios para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e para a Cultura; do Tribunal Supremo da Signatura Apostólica; e das Comissões Pontifícias para a América Latina, "Ecclesia Dei", para a Interpretação Autêntica do Código de Direito Canônico, e para a revisão do Código de Direito Canônico Oriental.

Entre as suas numerosas publicações, ocupam lugar de destaque o livro "Introdução ao Cristianismo", uma compilação de lições universitárias publicadas em 1968 sobre a profissão de fé apostólica, e o livro "Dogma e Revelação" (1973), uma antologia de ensaios, homilias e meditações, dedicadas à pastoral.

Grande ressonância teve a conferência que pronunciou perante a Academia Católica Bávara sobre o tema "Por que continuo ainda na Igreja?"; com a sua habitual clareza, afirmou então: "Só na Igreja é possível ser cristão, não ao lado da Igreja".

No decurso dos anos, continuou abundante a série das suas publicações, constituindo um ponto de referência para muitas pessoas, especialmente para os que queriam entrar em profundidade no estudo da teologia. Em 1985 publicou o livro-entrevista "Informe sobre a Fé" e, em 1996, "O sal da terra". E, por ocasião do seu septuagésimo aniversário, publicou o livro "Na escola da verdade", onde aparecem ilustrados vários aspectos da sua personalidade e da sua obra por diversos autores.

Recebeu numerosos doutoramentos "honoris causa": pelo College of St. Thomas em St. Paul (Minnesota, Estados Unidos), em 1984; pela Universidade Católica de Eichstätt, em 1987; pela Universidade Católica de Lima, em 1986; pela Universidade Católica de Lublin, em 1988; pela Universidade de Navarra (Pamplona, Espanha), em 1998; pela Livre Universidade Maria Santíssima Assunta (LUMSA, Roma), em 1999; pela Faculdade de Teologia da Universidade de Wroclaw (Polônia) no ano 2000.




domingo, 20 de maio de 2012

O segredo dos milagres


"Queridos amigos, a Ascensão nos diz que em Cristo, a nossa humanidade é levada às alturas de Deus; assim, cada vez que rezamos, a terra une-se ao Céu. E como o incenso, queimando, faz subir às alturas a sua fumaça de suave perfume, de forma que, quando elevamos ao Senhor a nossa fervorosa e confiante oração, em Cristo, ela atravessa os céus e alcança o Reino de Deus, é por ele ouvida e atendida.

Na célebre obra de São João da Cruz,  A Subida ao Monte Carmelo, lemos que para ver realizados os desejos do nosso coração, não há modo melhor que colocar a força da nossa oração naquilo que agrada a Deus. Ele nos dará não somente o que pedimos, ou seja, a salvação, mas também o que Ele considerar que seja conveniente e bom para nós, mesmo se não o pedimos”

Bento XVI

Regina Masalu encerra sua missão no Brasil


Nossa querida irmã Regina Masalu embarcou hoje, 20 de maio, em Florianópolis, de volta para a Tanzânia, África. Em pouco mais de um mês aqui no Brasil pregou um retiro no Centro de Evangelização Angelino Rosa (CEAR), em Governador Celso Ramos, e pregou também em vários grupos de oração da diocese de Florianópolis.

Além da missão, Regina veio ao Brasil para uma série de exames médicos. Foram 19 amostras de sangue. O resultado foi muito animador. Está bem de saúde. O diagnóstico apontou uma infecção urinária, já tratada com antibióticos. Está com a imunidade boa. Regina foi infectada com HIV pelo marido que, em seguida, a abandonou com 3 filhos.

Em julho próximo, se Deus quiser, Regina trabalhará como nossa intérprete em nossa oitava missão de evangelização na África. Muito obrigado a todos que contribuíram para a aquisição do bilhete aéreo desta missionária enviada por Deus até nós. Deus os recompensará fielmente.

O email da Regina é: reginamasalu@yahoo.com


sábado, 19 de maio de 2012

Verdadeira alegria


"Os preceitos do Senhor são retos, deleitam o coração; o mandamento do Senhor é luminoso, esclarece os olhos" (Sl 18, 9).

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Anunciado o Remédio da imortalidade

Celso Deretti

Em 2006, após uma missão na Tanzânia, na África Oriental, estive na África do Sul para uma missão de uma semana junto à comunidade portuguesa (Existem mais de 500 mil portugueses vivendo no país). Fui recebido pelo casal de portugueses Hilário e Conceição Freitas. Ganham a vida tocando uma pequena fábrica de móveis. Visitamos vários grupos de oração da Renovação Carismática Católica nas cidades de Joanesburgo, com mais de 8 milhões de habitantes, e Pretória, a capital.


Retornei para mais duas missões em 2007 e 2008. Palco da Copa do Mundo de 2010, a África do Sul merece nossa atenção para um assunto que os meios de comunicação simplesmente não mencionam: como evangelizar um dos mais complexos países dentre as 54 nações que formam o continente africano?

Ainda tentando sarar as feridas do Apatheid, regime de segregação racial que durou de 1948 a 1994, os sulafricanos estão otimistas frente ao futuro, mas cientes de que não são poucas as mazelas que precisam ser vencidas nas próximas décadas. De acordo com um estudo das Nações Unidas, a África do Sul ocupa o primeiro lugar no assassinato com arma de fogo, no homicídio involuntário, na violação e na agressão. Um quarto da população de quase 50 milhões de habitantes está desempregada e sobrevive com pouco mais de 1 dólar por dia. O flagelo da AIDS atinge 31% das mulheres grávidas e 20% da população adulta. Há um milhão e duzentos mil órfãos em todo o país.

Apenas 10% do solo sulafricano é apropriado para a agricultura, contra mais de 70% do solo brasileiro. A descoberta de diamantes em 1867 e ouro em 1884 fez da África do Sul um Eldorado para muitos caçadores de fortuna. Hoje, os minérios ocupam o primeiro lugar na pauta de exportações do país. Nas prateleiras dos supermercados, aqui no Brasil, podemos encontrar excelentes vinhos lá produzidos. O turismo também gera divisas. O Kruger Park é um dos mais visitados parques de animais selvagens do mundo.

Há 11 línguas oficiais na África do Sul (Afrikaans, inglês, Ndebele, Northern Sotho, Sotho, Swazi, Tswana, Tsonga, Venda, Xhosa e Zulu). O inglês predomina no comércio e na ciência. A propósito, os sulafricanos se destacam em várias áreas da ciência. O primeiro transplante de coração de humano para humano foi realizado pelo cirurgião cardíaco Christiaan Barnard no Hospital Groote Schuur, em dezembro de 1967.


Max Theiler desenvolveu a vacina contra a Febre Amarela (aquela que o Pe. Márcio foi obrigado a tomar em nossa missão na Tanzânia em 2009). Allan McLeod Cormack foi o pioneiro no uso da tomografia computadorizada e Aaron Klug desenvolveu técnicas de microscopia cristalográfica. Todos prêmios Nobel. Em 2002, Sydney Brenner foi agraciado com o Nobel por seu trabalho pioneiro em biologia molecular.

Embora 79,7% da população é cristã, apenas 7,1% são católicos. Temos aí a forte influência da Inglaterra anglicana. Em 1806 a África do Sul tornou-se uma colônia do império britânico. Os muçulmanos são 1,5%, os hindus 1,3% e os judeus 0,2%. Um dado relevante: 15,1%  se declaram sem religião. Onde estão os missionários dispostos a anunciar Jesus a estes indiferentes? A população negra é de 79,3 %; brancos são 9,1%, miscigenados 9% e asiáticos 2,6%. Em geral, um trabalhador branco ganha 4 vezes mais do que um negro. Esta discrepância tende a diminuir nas próximas décadas com o acesso da população negra às universidades.

Jesus é o médico e o remédio para todos os problemas que assolam o continente africano. Não nos esqueçamos que Jesus morou na África por um longo período de sua vida (Egito). Deus ama a África e tem um maravilhoso plano de amor e salvação para os mais de 1 bilhão de habitantes que lá vivem.


Jesus quer, hoje, usar nossos pés e nossa voz para que o Espírito Santo faça novas todas as coisas em toda a África: "Como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam sem terem regado a terra, tornando-a fecunda e fazendo-a germinar, dando semente ao semeador e pão ao que come, tal ocorre com a palavra que sai da minha boca: ela não volta sem ter cumprido o que eu quis realizado o objetivo de sua missão" (Is 55, 10-11).

Um verdadeiro missionário jamais se intimida diante dos desafios que é obrigado a enfrentar no campo de missão. O Brasil é conhecido como o maior exportador de jogadores de futebol do mundo. Chegou a hora de sermos conhecidos como país que mais exporta missionários para o mundo. Nós, aqui de Santa Catarina, já estamos dando os primeiros passos em solo africano. Queremos avançar cada vez mais, lançar nossas redes em águas mais profundas.


Deixemos de lado nossos álibis e empenhemos todas as nossas forças na maravilhosa aventura de anunciar Jesus a todos os povos. A África do Sul e todos os 54 países da África não podem ser esquecidos. Camões imortalizou o feito de Bartolomeu Dias (a conquista do Cabo da Boa Esperança, na África do Sul) em seu poema épico Os Lusíadas. Chegou hora a levarmos a Esperança que nos salva, o remédio da imortalidade, conforme anunciou o Papa Bento XVI, a todos os africanos: Jesus.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Missão Sede Santos lança livro com testemunho de conversão de Estelatus Mtema

A Editora Missão Sede Santos lançou um livro de bolso com o extraordinário testemunho de conversão de Estelatus Mtema. O pior criminoso da história da Tanzânia, depois de uma conversão miraculosa na prisão, é eleito coordenador nacional da Renovação Carismática Católica daquele país. Depois de cometer sete assassinatos, Estelatus é capturado e enviado para uma penitenciária de segurança máxima. A Espada do Espírito, a Palavra de Deus, penetra-lhe a alma, fazendo-o um homem novo. Para adquirir o livro, acesse o site da Missão Sede Santos: Missão Sede Santos Editora.


Memórias de um túmulo



Celso Deretti


Todos tinham aversão a mim. Nunca poeta algum me exaltou. Ricos e pobres, sábios e ignorantes, dominadores e vassalos, reis e súditos, todos sabiam que, cedo ou tarde, eu lhes serviria de morada. Que fascínio, afinal, um túmulo como eu, depósito de imundície, poderia exercer sobre alguém? Nasci para ser objeto de medo e opróbrio dos homens.
Da pedreira de onde vieram as pedras para me construir, Salomão extraíra as pedras para erguer o majestoso templo de Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, em Jerusalém. Todos os anos, por ocasião da Festa da Páscoa, abrigava milhares de peregrinos que chegavam de todas as partes do país para prestar culto de adoração ao Deus vivo. Em seus átrios perpetuavam a memória do glorioso dia em que Deus libertara o povo judeu da escravidão do Egito.
Os peregrinos não se cansavam de elogiar as pedras que harmonicamente compunham os diversos recintos do imponente edifício. Dentre eles, o Santo dos santos, que abrigava a Arca da Aliança. Em suas orações também lembravam de mim. Pediam a Deus que os livrassem de minha companhia: “Ó meu apoio, não fiqueis surdo à minha voz; não suceda que, vós não me ouvindo, eu me vá unir aos que desceram para o túmulo” (Sl 27, 1). A maldição pesava sobre a minha existência. Eu não passava de um abrigo para o salário do pecado: a morte!
Às pedras do templo, o perfume do incenso; Às minhas, o cheiro fétido de um cadáver em decomposição. Àquelas, os louvores e ações de graças elevadas ao Céu; A mim, as lamentações e os cantos fúnebres dos que choram seus mortos. Oxalá, usassem minhas pedras para edificar a casa da Sagrada família em Nazaré! Ali, contemplariam a santidade de Maria e ouviriam a terna voz de José explicando os textos sagrados ao menino Jesus. Ao invés disso, a contínua companhia da morte.
Certo dia, sentada sobre mim e apoiada no cabo de sua foice, confidenciou-me: “Meu caro túmulo, a vida do homem é uma luta contínua contra o meu poder. Eu tenho a última palavra sobre a vida humana. Ninguém, absolutamente ninguém, escapa das minhas garras. Eu sou o salário do pecado. Todos os filhos e filhas de Adão são meus reféns. Com o olhar eivado de soberba, concluiu: “Eu sou invencível”.
Subitamente, depois de um riso sarcástico, levantou-se e desapareceu. Mais tarde soube que saíra para ceifar a vida de um rico opulão que se negava dar as migalhas que caiam de sua mesa a um pobre chamado Lázaro. Os cães, que lambiam-lhes as feridas, demonstravam mais misericórdia do que ele. Espero que não o tragam até mim. Pior do que o mau cheiro de carne podre, é o mau cheiro do pecado. Muitos homens se parecem comigo. Por fora bem ornados, impecavelmente bem vestidos, mas por dentro só imundície: orgulho, avareza, inveja, ira, luxúria, gula, preguiça, mentira, calúnias, difamações, roubos, assassinatos, corrupção, devassidão, bebedeira, orgias, pornografia, adultério, idolatria, impiedade, incredulidade e ganância.
Solidão quebrada
Meus dias de solidão foram quebrados pelos choros e lamentações de um grupo de mulheres e homens que se aproximava. Era sexta-feira, véspera da Páscoa dos judeus. Quando entraram, reconheci José de Arimatéia e Nicodemos. Havia também um outro jovem chamado João. Sobre uma padiola de couro, traziam o cadáver de um homem. 
Minhas pedras se comoveram quando o viram. Mal se podia reconhecer nele um homem, tão desfigurado estava. Parecia um verme. Estava coberto de terríveis chagas e os ossos deslocados das articulações. Sofrera, sem dúvida, torturas extremas. Senti como se todo o ódio do inferno o tivesse atingido. Tudo nele era indizivelmente majestoso. Seu nome: Jesus, o filho de Maria. Morreu crucificado, castigo ignominioso, reservado somente aos piores criminosos.
Quando acabaram de embalsamar o corpo de Jesus, o envolveram em faixas e o cobriram com um longo sudário. Além do perfume do bálsamo, um odor de santidade emanava daquele corpo. Senti como se todo o universo estivesse de luto. Terminado o sepultamento, cheios de tristeza, depois do último adeus, afastaram-se lentamente.
A senhora morte tinha feito mais uma presa. Por uns instantes fiquei a contemplar aquele corpo inerte. Definitivamente, concluí, a morte tem a última palavra sobre a vida humana. Pelo menos, de agora em diante não ficaria mais só. Além do corpo de Jesus, teria a companhia dos familiares e amigos que viriam visitá-lo ao longo dos anos. Um dia, passadas três ou quatro gerações, também dele esquecerão. O meu destino, devo reconhecer, está irremediavelmente selado: o completo esquecimento.
Fui construído dentro de uma gruta. Assim que o último raio de luz se extinguiu, bloqueado pela pedra que rolaram para fechá-la, o extraordinário aconteceu: uma luz brilhantíssima cercou o corpo de Jesus e dois anjos, de aparência sacerdotal, com os braços cruzados sobre o peito, se prostraram em silenciosa adoração. Um ao lado dos pés e o outro ao lado da cabeça. Lembravam vivamente os querubins que guardavam a Arca da Aliança. Afinal de contas, quem era este misterioso homem que jazia em meio leito supulcral?
No domingo de madrugada, atônito, vi a alma de Jesus descer sobre seu corpo. Subitamente suas pernas e braços começaram a se mover. Maravilhado, o vi sair das mortalhas envolto em luz e esplendor. Tinha na mão um bastão branco e sobre este uma bandeira desfraldada. Neste momento vi a aparição de uma forma monstruosa que do inferno subiu por baixo do túmulo. Levantou raivosamente a cauda de serpente e a cabeça de dragão contra Jesus. Com uma autoridade real, Jesus pisou a cabeça do dragão e bateu três vezes com o bastão na cauda da serpente; vi-a encolher-se cada vez mais até desaparecer.
Em seguida proclamou com uma voz tão cheia de poder que fez com que a toda a criação tremesse: “Eu sou o Primeiro e o Último, e o que vive. Pois estive morto, e eis-me de novo vivo pelos séculos dos séculos; tenho as chaves da morte e da região dos mortos” (Ap 1, 17-18). O universo inteiro, antes de luto, revelava-se inteiramente renovado. Em seguida, passou resplandecente através do rochedo. Um anjo em figura de guerreiro, como um relâmpago, desceu do céu, rolou a pedra para o lado direito e sentou-se sobre ela.
Por três dias, sem o suspeitar, eu servira de sacrário para o Salvador do Mundo, o Senhor do Céu e da terra, o Filho único do Deus vivo, o Cristo, o Messias esperado.

As pedras pregarão
Naquele domingo santo, o opróbrio que pesava sobre os filhos de Adão é removido; o rio de maldição que inundava toda a criação é estancado; o rio de Água Viva, jorrando do lado aberto de Jesus, tornava novas todas as coisas. Deste Sagrado Coração, nasce uma nova humanidade, liberta para sempre da escravidão do pecado. A morte deixa de ter a última palavra sobre o homem: “Cristo, tendo ressurgido dos mortos, já não morre, nem a morte terá mais domínio sobre ele” (Rm 6, 9). A última palavra sobre a história humana pertence a Jesus; o desfecho de todas as coisas a Ele pertence.
Satanás, espoliado e ridicularizado, vê seu império destruído; O documento cujas prescriçãos condenavam todos os homens é abolido; O abismo que os separava de Deus é transposto; As portas do Céu novamente se abrem; Obediente até a morte, e morte de cruz, Jesus é constituído Senhor de tudo e de todos. No Céu, na terra e nos infernos, todo joelho se dobrará ao terrível e santo nome de Jesus. Rei do universo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo torna-se o soberano Juiz dos vivos e dos mortos. A própria morta, antes cheia de orgulho, morrera com as últimas palavras de Jesus na Cruz: "Está consumado".
Hoje, não mais invejo as pedras do Templo. Elas guardaram a Arca da Aliança; eu abriguei a Arca da nova e eterna Aliança; Elas foram visitadas pelos sumos-sacerdotes; eu tive em meus braços corpo do sumo e eterno sacerdote. Elas contemplaram o sacrifício expiatório de bodes e carneiros; eu servi de altar para o Cordeiro de Deus, cujo sacrifício expiou o pecado de todos os homens; Elas ouviram as profecias a respeito do Messias; eu hospedei o próprio Messias. Elas agora derramam lágrimas de saudades, porque do templo de Jerusalém não restou pedra sobre pedra; eu sou regado por lágrimas de milhões de pecadores que, arrependidos, todos os dias abrem-se à Salvação que Jesus oferece àqueles que o obedecem.
Passados mais de dois mil anos eu continuo um túmulo vazio. Minha solidão e meu opróbrio, porém, acabaram. Todos os anos, milhões de peregrinos, não apenas de Jerusalém, mas de todo o mundo, vêm me visitar. Tornei-me testemunha ocular do acontecimento que mudou para sempre a história humana: a ressurreição de Jesus. Que fascínio um túmulo vazio como eu exerce sobre tanta gente? Creio que é uma frase escrita sobre a minha lápide: “Por que buscais entre os mortos aquele que está vivo?” (Lc 24, 5).
Na verdade, não sou um túmulo vazio. A partir da ressurreição de Jesus tornei-me sepultura de milhões de homens e mulheres que, em obediência à fé, morreram para o pecado a fim de nascerem para Deus. “Ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova” (Rm 6, 3-4).
Mais do que um túmulo, sou um desafio à fé de cada pessoa que me visita: “Disse-lhes Jesus: ‘Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá’” (Jo 11, 25s). Quando um peregrino me beija, reconhece que aquele que "Deus tanto amou o mundo, que deu seu Filho único, para que todo aquele que crê não pereça, mas tenha a Vida Eterna" (Jo 3, 16).
Tenho um único sofrimento: saudades de Jesus. Sei que no dia da restauração universal, quando Jesus aparecer sobre as nuvens, haverá céus novos e terra nova. Neste universo novo, a Jerusalém celeste, Deus terá sua morada entre os homens. Chegará o dia em que deixarei de ser inundado pelas lágrimas dos peregrinos, porque Deus “Enxugará toda lágrima de seus olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá mais. Sim! As coisas antigas se foram!” (Ap 21, 4).
Neste dia os túmulos deixarão de existir. Também renovadas, minhas pedras serão usadas para construir a Jerusalém celeste. Ali, unidas a todos os que foram lavados com o Sangue do Cordeiro, poderão contemplar e adorar para sempre a face daquele que um dia, em meio seio, esteve morto, mas agora vive para sempre. Vem, Senhor Jesus!


Confirmada nova missão na Tanzânia




Confirmada nossa oitava missão em solo africano. Partiremos no início de julho próximo para a Tanzânia,  África oriental.

Pregaremos em 2 grandes cruzadas de evangelização, nas dioceses de Same e Njombe. Iniciativa da Renovação Carismática Católica da Tanzânia.

Contamos com a indispensável intercessão de todos para que a Palavra de Deus seja anunciada com toda a liberdade. Nos próximos dias postaremos mais notícias.

"Os espíritos desencaminhados aprenderão sabedoria, e os que murmuravam receberão instrução" (Is 29, 24).