segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Discípulos covardes, ladrões e mentirosos



Celso Deretti

Outubro, para a Igreja, é o mês das missões. Para a maioria de nós, 160 milhões de católicos brasileiros, é o mês da vergonha, da covardia e da mentira.

Temos tempo, meios e dinheiro para tudo o que é imundo e ofensivo a Deus; mas quando o assunto é missões, agimos como verdadeiros traidores do Sangue de Jesus. Tecnologia de ponta e organização impecável para os ídolos deste mundo; Restolho, maldições, desprezo, nojo, ojeriza, distância quando o assunto é o anúncio da Palavra de Deus a todas as gentes.

Em 2008 visitei o proprietário de uma grande rede de supermercados - multimilionário. Fui pedir suporte financeiro para nossas missões na África. Ficou com o número da minha conta. "Esta semana vou fazer um depósito", garantiu. Até hoje não vimos um tostão furado deste rico miserável e mentiroso. Gostaria de saber se sua fortuna poderá comprar-lhe um lugar no Céu. Obviamente, não mencionarei o nome, porque é próprio dos ricos avarentos arrastarem inocentes aos tribunais, condenando-os a peso de ouro.

Um anos antes estive na casa da proprietária de uma grande empresa de Brusque - podre de rica. Disse-me que nos ajudaria com nossas missões na África. Até hoje não vimos a cor de 1 vintém desta mulher covarde e vaidosa. Não por nada, Jesus afirma que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus. Aqui em Balneário Camboriú, o dono de uma grande construtora, bilionário, nem sequer me recebeu. Todos certos de que poderão usar uma folha de cheque para corromper São Pedro na porta do Paraíso.

Outra ocasião, o dono de outra grande construtora disse-me que não me ajudaria porque não me conhecia. Interessante! Há 16 anos fazemos missões no Brasil (há seis anos na África), estamos na missa todos os dias, pregamos na televisão, nas ruas, nas igrejas; escrevo para diversos jornais e revistas católicos e, mesmo assim, não me conhecia! Seria melhor dizer: "Celso, tenho muito dinheiro, mas sou um discípulo covarde e mesquinho. Meu dinheiro serve para satisfazer meus apetites carnais. Reze pela minha conversão".

Neste blog está nossa conta corrente em favor das nossas missões na África. O resultado tem sido pífio. Chegamos ao absurdo de ter de pedir dinheiro emprestado para pregar o nome de Jesus em solo africano. Aqui cabe uma pergunta: Qual prioridade Jesus e seu Reino ocupam em minha vida? "Deus, porém, lhe disse: Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma. E as coisas, que ajuntaste, de quem serão? Assim acontece ao homem que entesoura para si mesmo e não é rico para Deus" (Lc 12, 20s).


O horrendo destino dos ricos avarentos
A capela Santa Clara, no bairro dos Municípios, em Balneário Camboriú, está fechada porque está ruindo. Enquanto isso, edifícios de altíssimo luxo brotam do dia para a noite em cada metro quadrado na orla marítima. Nós, missionários, somos obrigados a fazer rifas para cobrir os custos das nossas missões na África e aqui no Brasil. Tudo isso por que? Porque a Igreja de Deus está sendo roubada por aqueles que não pagam o dízimo. É o pior de todos os roubos, porque é Deus quem está sendo roubado.

Onde está o dízimo, os 10 por cento, de todos os apartamentos vendidos em Balneário Camboriú e região? Onde está o dízimo de tudo o que se vende nos milhares de estabelecimentos comerciais desta cidade? Ai de vós, ricos, que não pagais o dízimo! A casa de Deus está em ruínas por causa da vossa avareza. Satanás tem para vós um palácio imenso na profundezas dos infernos. Ali sereis torturados na mente, no corpo e na alma por toda a eternidade! Foi em favor do seu reino que investistes vosso dinheiro.

Balneário Camboriú e todas as prósperas cidades do mundo inteiro terão um julgamento severo por ocasião da segunda vinda de Jesus. O dinheiro dos ricos destas cidades é suficiente para comprar bíblias para todos os cristãos do mundo inteiro. Há dinheiro de sobra para formar e enviar missionários para todos os países do globo. O cofres dos bancos estão abarrotados de fortunas incalculáveis que poderiam ser usadas para construir casas de retiro, albergues para andarilhos, hospitais, centros profissionalizantes, vilas olímpicas para os jovens, aquisição de rádios e TVs para evangelizar e ampliar tremendamente o trabalho missionário no mundo inteiro.

Não! Seria um grande desperdício usar todo este dinheiro no Reino de Deus. "Dissestes: é trabalho perdido servir a Deus" (Mal 3, 14). O negócio é usufruir sofregamente de todos os prazeres e privilégios que Satanás oferece: orgias, farras, comilança, glutonaria, desperdícios criminosos, domínio político e econômico, prostitutas, cruzeiros nas ilhas gregas, Las Vegas, gastronomia refinada, torrar fortunas na Europa e em Miami, festas incontáveis, associações secretas, arrastar os inocentes para os tribunais, corromper para auferir mais lucros e assim por diante.

O apóstolo Tiago descreve o horrendo destino dos ricos avarentos: "Vós, ricos, chorai e gemei por causa das desgraças que sobre vós virão. Vossas riquezas apodreceram e vossas roupas foram comidas pela traça. Vosso ouro e vossa prata enferrujaram e sua ferrugem dará testemunho contra vós e devorará vossas carnes como fogo. Entesourastes nos últimos dias! Eis que o salário, que defraudastes aos trabalhadores que ceifavam os vossos campos, clama, e seus gritos de ceifadores chegaram aos ouvidos do Senhor dos exércitos. Tendes vivido em delícias e em dissoluções sobre a terra, e saciastes os vossos corações para o dia da matança! Condenastes e matastes o justo, e ele não vos resistiu" (Tg 5, 1-6).

As congregações religiosas e os sacerdotes precisam, sem demora, rever suas prioridades. É inútil investir fortunas em edifícios e expansão do patrimônio, se tudo isso não servir para formar e enviar missionários a todos os povos. O Documento de Aparecida nos exorta a investir pesadamente no campo missionário. É inútil tentar explicar sociologicamente a sangria de fiéis católicos para outras denominações. Os culpados somos nós. Por décadas não levamos a sério o mandato missionário de Jesus. Ou começamos a investir na formação e envio de missionários, ou veremos nossa igrejas se transformarem em museus.

Os ricos podem mudar; nós podemos mudar. O tempo é curto. Depois que estivemos esticados dentro de um caixão de defunto nada mais poderemos fazer. O Papa Bento XVI disse que uma revolução silenciosa está em andamento na Igreja Católica. Alistemo-nos como soldados destemidos nesta maravilhosa revolução que preparará a segunda vinda do Rei Jesus.

Missão na Tanzânia - Junho 2009